domingo, 14 de março de 2010

poema indigente



quisera a imagem perfeita ao sentimento escrito,
quisera ainda aquela que dissesse o aqui não se escreve, o que aqui é vago, o que aqui não se traduz.








como uma folha

depois de tanta bobagem escrita
longe atirada
depois de tanto tempo verde
agora caída largada
velha sem nexo amarelada
ao vento arrastada
por ele atravessada

depois de tanto erro
rasgada cancelada
depois de tanto tempo verde
agora sem ácido alaranjada
sem defesa
imune
no chão esquecida pisada

estou como uma folha
pela tinta, um dia escrita, agora anulada
pelas mãos devassas, um dia apalpada, agora despedaçada
pelo resto de pólvora, um dia aquecida, agora queimada
pelos pés rudes, um dia tateada, agora destroçada esmagada
pelo vento imponente, um dia beijada, agora distanciada
pelo tempo imbatível, um dia presenteada, agora página preterida [acabada
pela terra negada
sem branco sem verde
apenas pasma e amarelada.






coberto de sentimento amanhecido suado sem rosto lavado
em tudo marcado.







14/03/10

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Fábio Pinheiro