Um pouco do pé de pinheiro e os resquícios aqui despejados: Este espaço pretende contemplar o desejo, comum a todos, de liberdade e expressão. Nesse sentido, farei deste vitrine da minha modesta fábrica de poema. Aqui publicarei os poemas e textos que escrevo (ou de outros) e dotado de alguma coragem e "sem-vergonhice" os deixarei livres para que vivam fortes emoções entre o amor e o ódio.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Do tempo que chover era poético!
Chove
A chuva cai.
Os telhados estão molhados,
Os pingos escorrem pelas vidraças.
O céu está branco,
O tempo está novo,
A cidade lavada.
A tarde entardece,
Sem o ciciar das cigarras,
Sem o jubilar dos pássaros,
Sem o sol, sem o céu.
Chove.
A chuva chove molhada,
No teto dos guarda-chuvas.
Chove.
A chuva chove ligeira,
Nos nossos olhos e molha.
O vento venta ventando,
Nos vidros que se embalançam,
Nas plantas que se desdobram.
Chove nas praias desertas,
Chove no mar que está cinza,
Chove no asfalto negro,
Chove nos corações.
Chove em cada alma,
Em cada refúgio chove;
E quando me olhaste em mim
Com olhos que me seguiam,
E enquanto a chuva caía
No meu coração chovia
A chuva do teu olhar.
Ana Cristina César (1952-1983)
em Nov/1965
CÉSAR, Ana Cristina. Inéditos e Dispersos. São Paulo: Ática, 1998. p. 26.
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